Educação Física, Ergonomia e a busca pela verdade

(10/01/2020)

Por: JOÃO FERNANDO BRINKMANN DOS SANTOS

A Educação Física comumente trabalha com a capacidade do corpo humano de adaptar-se a diferentes demandas impostas por meio da prática sistemática de exercícios físicos. Tal capacidade, portanto, relaciona-se com adaptações humanas a determinadas condições. Já a Ergonomia pressupõe a necessidade de adaptações de diferentes condições (como de produtos, serviços e/ou atividades) aos atributos humanos – o que de forma simplista poderia remeter a um paradoxo: adaptação de algumas condições aos humanos ou condicionamento de humanos a determinadas circunstâncias (como os desafios impostos pela prática de atividade física).

Levando-se em conta a dinâmica altamente variada e mutável relacionada a supostas necessidades humanas, certamente ambas atribuições, tanto da Educação Física quanto da Ergonomia, complementam-se; ou seja:

· as necessidades de algumas pessoas frente a determinadas situações são sempre as mesmas ou mudam de acordo com diferentes circunstâncias e/ou contextos?

· uma necessidade suprida tem um fim em si mesma ou acaba por gerar outra que a siga ou que dela decorra?

· adaptações a determinadas condições são necessárias, desejadas ou ambas as coisas?

· justificativas para eventuais necessidades e/ou adaptações são percebidas e materializadas a partir de determinações hipotéticas ou empíricas, ao acaso ou selecionadas, para gerar sensações agradáveis ou satisfazer conjunturas atreladas à eficiência?

Enfim, são tantas as possibilidades que, necessariamente, a maior efetividade e/ou sucesso de determinada ação passa pela necessidade de complementação entre ambos os conceitos: adaptações elaboradas ao atendimento de características humanas e condicionamento do organismo humano ao enfrentamento de variadas condições impostas pela realidade com a qual se interage. Essa complementaridade facilita o êxito no que tange a objetivos comuns em diferentes contextos, como: busca por eficiência, satisfação e segurança – características tão importantes à saúde mental e física por exemplo.

Além da Educação Física e da Ergonomia, podem contribuir para as complementaridades já citadas a Engenharia, a Arquitetura, a Física e tantas quantas forem as áreas estudadas e praticadas com rigor científico – de maneira a permitir a construção de uma suposta máxima: a de que a verdade (necessidade, busca, realidade) é uma só, e que apenas a fragmentamos em diferentes campos de conhecimento por sermos desprovidos de condições e/ou capacidades adaptativas que nos levem ao entendimento completo do real significado do que representam juntas – o que por sua vez efetivamente remete a algo verdadeiramente paradoxal (desprovido de nexos e/ou em contradição).

Depreende-se assim a provável dificuldade de alguém em ser capaz de, sozinho, entender profundamente tudo acerca de todas as possíveis variáveis envolvidas em um processo de construção de uma metodologia envolvendo a prática de exercícios e/ou o que quer que seja – o que contribui para a aceitação de que esforços em equipes, compostas por diferentes e bons profissionais (estudiosos, inquietos, curiosos e, provavelmente, cheios de dúvidas), geram maior chance de obtenção de êxito na busca não só por ditames apregoados nas áreas de Educação Física e Ergonomia, como também pela compreensão do que se faz e do que se poderia esperar a partir disso; além dos motivos, interesses e possíveis desdobramentos inerentes à realidade/verdade tangíveis e ao alcance das imperfeições imanentes à condição humana.

Por fim, possíveis interações entre diferentes áreas, formas de pensamento e pontos de vista associadas à humildade, interesse e curiosidade, provavelmente, constituem importantes passos em direção à verdade e construção e/ou percepção da realidade.